Resposta: C) Infecção no Trato Urinário (ITU)
Exames Complementares solicitados:
Urocultura e exame de urina através da coleta por punção suprapúbica (PSP).
- URINA: nitrito positivo e contagem leucocitária de 13.500/ml.
- UROCULTURA: bacterioscopia Gram positiva de E. Colli.
Na criança no primeiro ano de vida, as Infecções do Trato Urinário (ITU) se manifestam por sinais e sintomas inespecíficos para o trato urinário, tais como perda de apetite, febre, vômitos e/ou diarréia, irritabilidade, insônia, perda inexplicada de peso, palidez. Às vezes, a mãe observa alteração no ritmo urinário (frequência maior de micções ou retenção urinária) ou no aspecto da urina, que se torna mais turva, com odor “forte” ou “diferente”. Outros sinais e sintomas que nesta faixa etária devem ser levados em conta são: icterícia e distensão abdominal (RIELLA, 2010). A febre é o sintoma mais frequente e importante no lactente com ITU. A ITU representa 7% dos casos de crianças < 2 anos que procuram o pronto-socorro referindo apenas febre. Um achado muito importante na clínica é a presença de fimose, pois pode levar a colonização do prepúcio por bactérias Proteus, que também são causadores de ITUs (BRESOLIN, 2016).
Em relação ao exame físico, as literaturas no geral trazem que os resultados podem ser inespecíficos e sempre esclarecem a necessidade de investigação do trato genital, excluindo diagnósticos de balanite, úlceras de meato ou vulvovaginites. São ocasionais os casos que conseguimos palpar a bexiga, massa abdominal secundária a um rim aumentado e desconforto nos flancos ou no abdômen em geral.
Nos exames laboratoriais, a coleta para urocultura pode ser feita de duas formas: em crianças ainda sem controle esfincteriano realiza-se punção suprapúbica (PSP) ou sondagem vesical (SV), considerando que valores maiores ou iguais a 1000 UFC/ml caracterizam ITU; em criança que já apresenta controle esfincteriano deve-se coletar urina de jato médio, sendo positivo para ITU quando a contagem bacteriana é maior ou igual a 100.000 UFC/ml. Para o diagnóstico de ITU, é importante a presença de piúria + bacteriúria na análise urinária (BRESOLIN, 2016).
Contraindicações para PSP: apenas em casos de íleo paralítico, dermatite intensa no local da punção, coagulopatias e abdome agudo.
CONDUTA: Pelo fato da criança ser lactente jovem e estar em REG, é recomendado iniciar antibioticoterapia parenteral com ampicilina e aminoglicosídeo ou uma terceira geração de cefalosporina. Reavaliar o paciente em 48 a 72 horas e, havendo melhora, pode-se optar por completar o tratamento por via oral (cefalosporinas, sulfametoxazol ou amoxicilina). O tratamento com ATB deve ser realizado durante 10 dias, nunca inferior a 7 dias (BRESOLIN, 2016).
Toda criança, independentemente de idade e sexo, que tenha diagnóstico de certeza de ITU merece uma investigação por imagem. O USG é muito utilizado por ser exame não invasivo e não expor o paciente à radiação e deve ser realizado em todos os que apresentaram ITU com o intuito de confirmar e/ou detectar má formações das vias urinárias, dilatações renais e das vias urinárias. Em casos onde os dados conseguidos através do ultrassom são inconclusivos, pode-se realizar uretrocistografia miccional (UCM), sendo recomendada a partir de alterações no USG, procura-se a visualização da uretra, alteração da bexiga como, a presença de refluxo vesicoureteral (o RVU está presente em cerca de 30% dos casos na pediatria) (BRESOLIN, 2016).
REFERÊNCIAS:
- RIELLA, Miguel C. (ed). Princípios de Nefrologia e Distúrbios Hidroeletrolíticos. Rio de Janeiro, Editora Guanabara Koogan Ltda, 5a Edição, 2010.
- BRESOLIN, Nilzete Liberato; BRANDT, Kátia Galeão. Infecção do Trato Urinário. Sociedade Brasileira de Pediatria, São Paulo, 2016.
- SHAIKH, Nader et al. “Does this child have a urinary tract infection?.” JAMA vol. 298,24 (2007): 2895-904. doi:10.1001/jama.298.24.2895